Saúde pública

Hospice segue com obras paradas

Centro Regional de Cuidados Paliativos, iniciado em 2014, permanece longe de se tornar realidade; falta verba e nova licitação será necessária

Carlos Queiroz -

O sonho de ver o Hospice em operação segue sem dada certa para se concretizar. Uma nova licitação será aberta em breve, mas ainda não significará a possibilidade de o Centro Regional de Cuidados Paliativos abrir as portas ao público, com 100% da proposta original. Mais uma vez, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) terá de correr atrás de verba para tentar concluir as obras iniciadas em 2014. E nesses oito anos que já se passaram - entre interrupções e troca de empresas - o orçamento não para de crescer, na carona de inflação e alta do preço dos materiais.

Atualmente, há apenas R$ 983,5 mil disponíveis - de um total de R$ 1,8 milhão de emenda parlamentar liberada pela deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL) -, mas não será o suficiente. A estimativa é de que cerca de R$ 1,5 milhão ainda precisariam ser captados para que os três pavimentos possam ficar totalmente prontos. E o caixa da UFPel não tem margem para fazer o investimento. "Infelizmente, atravessamos a maior crise das universidades na história recente e os parcos recursos têm outra destinação", afirma o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, Paulo Ferreira. "É dramática a situação".

O orçamento para 2022 prevê apenas R$ 2,3 milhões para investimentos; uma queda de 78%, se comparado às cifras de 2017, quando o valor era de R$ 10,8 milhões. E o pró-reitor admite: a liberação dessa verba ocorrerá com "toda a parcimônia". E é fácil de entender o porquê da cautela. Eventualmente, uma parte dos R$ 2,3 milhões poderá ser convertida para o custeio, que já está com déficit estimado em R$ 11 milhões. O Hospice, portanto, está inserido em um cenário de crise.

Esforço para liberar ao menos parte do espaço

O plano está traçado. A diretora da Faculdade de Medicina (Famed-UFPel), Julieta Fripp, circula pela obra com o Diário Popular e enxerga os usos, ao menos, de parte da estrutura enquanto o Centro Regional de Cuidados Paliativos segue sem qualquer perspectiva de inauguração. A ideia é de que os ambientes que estão mais adiantados, inclusive com piso instalado, sejam priorizados, para que possam começar a receber atividades da Unidade Cuidativa - que também funciona na antiga Laneira, no Fragata.

"A gente acredita que se colocar em uso, vai ter muito mais visibilidade, muito mais apelo", admite a médica, idealizadora de toda a proposta. E prepara-se para, mais uma vez, correr atrás de apoio político e de verba pública e privada. Outras duas emendas parlamentares, por exemplo, já estão asseguradas: uma de R$ 271 mil do deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB) e outra de R$ 100 mil do deputado federal Henrique Fontana (PT).

Somadas à parcela que ainda resta de R$ 983,5 mil da emenda da deputada Fernanda Melchionna (PSOL), a projeção é de que prioridades, como a subestação de energia, as redes de água e esgoto e o fechamento do prédio com todas as portas e janelas, possam ser realizadas, para permitir que parte do térreo entre em funcionamento. "Não teremos condições de trabalhar com hospitalizações, mas poderemos desenvolver atividades que já temos hoje, como ambulatório e Unidade Dia", explica.

Qual a importância da nova unidade?

O Centro Regional, com capacidade de acolher entre 18 e 20 pacientes para internação, será mais um braço na rede de atendimento de cuidados paliativos, que surgiu em Pelotas em 2005, através do programa de internação domiciliar. Será mais um espaço para complementar as ações já desenvolvidas pela Unidade Cuidativa, para onde são encaminhados pacientes com diagnóstico de doenças ameaçadoras à vida. E lá, além de consultas, eles já participam de uma série de atividades, como academia, pilates, dança, acupuntura e artesanato.

"O Hospice tem toda uma filosofia interdisciplinar, com espaços mais humanizados, para que pessoas em finitude da vida possam desviar do trânsito dos hospitais convencionais", ressalta Julieta Fripp. Qualidade de vida, proximidade de familiares - e até dos pets - e realização de desejos são algumas das máximas do trabalho desenvolvido ao longo de 24 horas. Por isso, a importância de ver o projeto se tornar, efetivamente, realidade.

A linha do tempo

- Em 2014: Hospice começa a ser construído, com previsão de conclusão em dois anos.

- Entre 2017 e 2019: as obras ficaram paradas. Em novembro de 2019, um abraço simbólico ao prédio chegou a ser realizado para cobrar pela retomada. Surge, então, o anúncio da emenda de R$ 1,8 milhão da deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL), mas na prática o processo não anda.

- Em 2021: Em janeiro, com a definição da nova empresa, as obras, finalmente, retornam. Estimativa é de que sejam concluídas no mês de agosto. De novo, a expectativa não se confirma.

- Em 2022: O ano já se encaminha para reta final e, mais uma vez, não há definição. Uma nova licitação irá decidir qual a próxima empresa encarregada em retomar a obra. A corrida por recursos permanece necessária. Além de pisos, também faltam itens, como revestimentos para as paredes, tintas, louças para os banheiros e janelas.

 

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